“E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: bom
mestre, que hei de fazer para conseguir a vida eterna?” Mateus 19:16
Jesus havia abençoado as crianças e se dispunha a partir.
Estava com pressa de chegar a Jerusalém. Muitos quilômetros se estendiam à sua
frente, na estrada que o levava à cidade Santa. Imediatamente espalhou-se
pela Aldeia, onde Jesus descansara, a notícia da sua partida. Mas eis que Ele já vai, está a frente dos
apóstolos. Os discípulos o seguem, conversam e caminham.
De
repente chega um jovem. Mestre, Mestre, Jesus pára. Que há? O jovem toma fôlego
e depois com olhar inquiridor, fundo como de águia que espia o infinito fala: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?”
Quantas
vezes o Senhor respondeu
aquelas mesmas perguntas, mas agora é um jovem cheio de vida, rico, forte, que
pergunta.
O
Senhor vai responder. Mas, primeiro lhe diz para não o chamar de bom, que só
Deus é bom. Depois enumera-lhe os mandamentos.
Conhece-os? Sim, conhece-os. O jovem os tem guardado desde a sua
mais
tenra idade. Mas isso não lhe abasta, quer mais. Alguma coisa que seja heroica,
que seja grande, que demande força. Os jovens são assim, como Alexandre, quando
jovem queria um cavalo, depois um mundo para conquistar. “Mestre que me falta?”
Jesus fica emocionado e sente uma grande simpatia por aquele rapaz, tão cheio
de oportunidades. E respondeu: “uma coisa
te falta, vai, vende tudo quanto tens e dá-os aos pobres e terás um tesouro nos
céus; e vem, segue-me”. O que aconteceu ao moço? Empalidece, abaixa a
cabeça e volta pelo mesmo caminho donde veio. Os discípulos estão observando
tudo e declaram: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”. E Jesus torna a falar: “filhos, quão difícil é para os
que confiam nas riquezas entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo
pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”.
Quais
as riquezas que a mocidade tem em suas mãos? Mesmo que não possua bens
materiais, os jovens possuem um corpo forte, uma inteligência dinâmica, um
espírito ativo, uma estrada ainda longa. Quanta riqueza. Senhor disse, “vai, vende tudo quanto tens e
segue-me”. O Senhor quer que ponhamos tudo à sua
disposição, tudo. Corpo, inteligência, espírito e muito mais. E
a história desse jovem rico se repete. Por que se repete? Porque fomos ensinados desde a
meninice que
a vida consiste na abundância dos bens que possuímos.
Ao
passo que Jesus ensina que a vida consiste na abundância das coisas que damos, que oferecemos, que distribuímos.
A nossa educação tem sido falha e continua a ser. Se não entregamos os nossos
bens a Jesus a quem os entregamos? Ao mundo. O que você tem ou dá para Deus, ou
dá para o diabo, com você é que não ficará. Um
dia, encontrar-nos-emos com a vida no fim. Encostados por doenças, talvez num
hospital, sendo muito bem cuidado, mas a vida por um fio. Tantos bens, tanta
riqueza, para que? Por isto acho muito oportuno, lembrarmos das palavras do
sábio Salomão: “Lembra-te do
teu criador nos dias da tua mocidade, antes que vem os maus dias e cheguem os
anos dos quais venha a dizer: não tenho neles contentamento”. A velhice é uma realidade. Muitos chegarão a ela com
amargor, com decepção. É na velhice que se entende que tudo é vaidade. Por isto a exortação “Lembra-te do
teu criador nos dias da tua mocidade”. Se aquele jovem rico da história dos evangelhos tivesse seguido a
Jesus, que teria sido dele? Que aconteceu
aos que tinham sido pescadores e seguiram ao Mestre? Aqueles que deixaram os
seus bens para seguirem a Jesus, ganharam muito mais nesta vida e a promessa da
vida eterna.
Quando
o homem volta às suas costas para Jesus, ele aumenta a miséria da
sociedade, perde a sua alma e atrapalha
os outros.
Pr. José Vasconcelos