Páginas

23 maio 2012

Não Desperdice Sua Mocidade


E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: bom mestre, que hei de fazer para conseguir a vida eterna?”  Mateus 19:16
Jesus   havia  abençoado as crianças e se dispunha a partir. Estava com pressa de chegar a Jerusalém. Muitos quilômetros se estendiam à sua frente, na estrada que o levava à cidade Santa.    Imediatamente  espalhou-se pela Aldeia, onde Jesus descansara, a notícia da sua partida.  Mas eis que Ele já vai, está a frente dos apóstolos. Os discípulos o seguem, conversam e caminham.
De repente chega um jovem. Mestre, Mestre, Jesus pára. Que há? O jovem toma fôlego e depois com olhar inquiridor, fundo como de águia que espia o infinito fala: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”
Quantas vezes  o  Senhor respondeu aquelas mesmas perguntas, mas agora é um jovem cheio de vida, rico, forte, que pergunta.
O Senhor vai responder. Mas, primeiro lhe diz para não o chamar de bom, que só Deus é bom. Depois enumera-lhe os mandamentos. Conhece-os? Sim, conhece-os. O jovem os tem  guardado desde a sua mais tenra idade. Mas isso não lhe abasta, quer mais. Alguma coisa que seja heroica, que seja grande, que demande força. Os jovens são assim, como Alexandre, quando jovem queria um cavalo, depois um mundo para conquistar. “Mestre que me falta?” Jesus fica emocionado e sente uma grande simpatia por aquele rapaz, tão cheio de oportunidades. E respondeu: “uma coisa te falta, vai, vende tudo quanto tens e dá-os aos pobres e terás um tesouro nos céus; e vem, segue-me”. O que aconteceu ao moço? Empalidece, abaixa a cabeça e volta pelo mesmo caminho donde veio. Os discípulos estão observando tudo e declaram: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”. E Jesus torna a falar: filhos, quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”.
Quais as riquezas que a mocidade tem em suas mãos? Mesmo que não possua bens materiais, os jovens possuem um corpo forte, uma inteligência dinâmica, um espírito ativo, uma estrada ainda longa. Quanta riqueza.  Senhor disse, vai, vende tudo quanto tens e segue-me”.  O Senhor quer que ponhamos tudo à sua disposição, tudo. Corpo, inteligência, espírito e muito mais. E a história desse jovem rico se repete. Por que se repete? Porque fomos  ensinados  desde  a meninice que a vida consiste na abundância dos bens que possuímos.
Ao passo que Jesus ensina que a vida consiste na abundância das coisas que damos, que oferecemos, que distribuímos. A nossa educação tem sido falha e continua a ser. Se não entregamos os nossos bens a Jesus a quem os entregamos? Ao mundo. O que você tem ou dá para Deus, ou dá para o diabo, com você é que não ficará. Um dia, encontrar-nos-emos com a vida no fim. Encostados por doenças, talvez num hospital, sendo muito bem cuidado, mas a vida por um fio. Tantos bens, tanta riqueza, para que? Por isto acho muito oportuno, lembrarmos das palavras do sábio Salomão: Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade, antes que vem os maus dias e cheguem os anos dos quais venha a dizer: não tenho neles contentamento”. A velhice é uma realidade. Muitos chegarão a ela com amargor, com decepção. É na velhice que se entende que tudo é vaidade.  Por isto a exortação Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade”. Se aquele jovem rico da história dos evangelhos tivesse seguido a Jesus, que teria sido dele? Que aconteceu aos que tinham sido pescadores e seguiram ao Mestre? Aqueles que deixaram os seus bens para seguirem a Jesus, ganharam muito mais nesta vida e a promessa da vida eterna.
Quando o homem volta às suas costas para Jesus, ele aumenta a miséria da sociedade,  perde a sua alma e atrapalha os outros.
Pr. José Vasconcelos

          

15 maio 2012

O Preço do Amor


Mas Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados   Isaías 53:5

Nós não somos a pessoa que deveríamos ser e isso nos causa desconforto.  Profundo desconforto. Vivemos numa contradição, mais do que numa coerência. O que exigimos dos outros nem sempre estamos dispostos a dar-lhes.

Estamos sempre culpando os outros. Por que? Pelo fato de acharmos que eles estão errados e nós certos. Eles estão sempre errados e nós estamos sempre certos. O senso do certo e do errado está bem presente em cada um.

Há algo por trás disso e por certo é a nossa consciência culpada que nos leva a uma perturbação.


Podemos até ignorar esses sentimentos  nos   escondendo na desculpa de que  a sociedade nos condicionou a isso, de que a nossa cultura arbitrou o conceito de certo e errado ou quem sabe, nossos pais são os culpados, pois impuseram em nós, quando ainda crianças, as neuroses que carregamos.

Estamos sempre discutindo, sempre ofendendo. Diante dessa maneira de ser, deveríamos perguntar: Por que sou tão impetuoso, no desejo de estar sempre certo?

Em alguns casos a resposta é; a pessoa precisa se sentir mais segura e essa insegurança o leva a achar que está sempre certo.

Todo nosso procedimento tem uma razão que o motivou,  existe uma razão porque transferimos nossa culpa, existe uma razão porque os nossos problemas são sempre culpa de alguém, existe uma razão porque os pais culpam os filhos, as esposas os maridos e assim por diante.

A razão é que nós não podemos suportar nossas próprias culpas e queremos que os outros a suportem no nosso lugar.

A nossa culpa é intolerável, insuportável. Quanta coisa na nossa vida que gostaríamos nunca tivesse acontecido, mas não podemos mudar o que aconteceu.

Quando examinamos as coisas do passado sofremos. Se ao menos eu pudesse trocar minha memória, mas não podemos.

Aí precisamos nos medicar. Como? Com trabalho, realizações, distrações mas isto não produz o efeito que precisamos. Então recorremos a uma medicação mais forte, transferir a culpa para os outros.

Aí criamos outro problema, não resolvemos o nosso e acrescentamos mais esse.
Todos nós entendemos isso.

Alguém já disse que: “Somos todos prisioneiros de consequências que não estávamos pretendendo, mas que realmente colocamos em movimento”.

Nós fazemos a engrenagem girar, damos velocidade a ela mesmo sabendo que talvez os freios não funcionem e se funcionarem vai ser uma parada tão brusca que acidentará os envolvidos nela.

Mas, louvado seja o Senhor porque nele temos a solução para as nossas mazelas. Existe uma saída e ela está em Cristo Jesus. Deus justificou a homens pecadores como eu e você através da obra de Cristo consumada na cruz. Nele o Senhor lançou nossas culpas, sobre si mesmo e nos fez agradáveis ao Pai.

Isaías 53 nos mostra o preço do amor que Cristo tinha que pagar para nos devolver a vida.
Pr. José Vasconselos

08 maio 2012

Estende a Tua Mão


“E aconteceu também, noutro sábado que entrou na sinagoga e estava ensinando; e havia ali um homem que tinha a mão direita mirrada”
“E,  olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. E assim ele o fez, e a mão lhe foi restituída, sã como a outra”.    Lucas 6: 6 e 10

A Passagem trata de um homem que tinha a mão direita mirrada, ou seja, seca, ressequida. Não era a mão esquerda e sim a direita.
Que lição, no sentido espiritual, podemos tirar desse fato? No Salmo 18: 35 nós lemos ”Também me deste o escudo da tua salvação; a tua mão direita me susteve...”.  Salmo 118:16 “A destra (a mão direita) do Senhor se exalta , a destra do Senhor faz proezas” e, ainda, no Salmo 60:5 “Para que os teus amados sejam livres, salva-nos com tua destra e ouve-nos”.
Vemos assim que a mão direita fala do Poder do Senhor. Assim também na nossa vida.
A maior parte de nós faz mais com a mão direita do que com a esquerda.
Temos mais poder na mão   direita, mais força  e  mais  facilidade em fazer quase tudo.
Faltando-nos a mão direita, ficamos incapacitados, privados de fazer muitas coisas, enfim foi-se nossa força principal.
Assim era com este homem, tinha a mão direita mirrada, inútil. Fazia qualquer coisa, mas não fazia tudo quanto queria nem tudo quanto devia fazer se tivesse as duas mãos.
Apliquemos isto às nossas vidas: Há muitos, espiritualmente falando,  que estão com suas mãos direitas mirradas.

Estaremos aceitando tal estado como normal  para o crente?

O Senhor não nos quer aleijados, mas, robustos e no pleno uso de todos os nossos membros espirituais. A mão direita está pendida, inútil, ressecada.  O que é que a inutiliza?

Determinado vício, pode fazer com que você esteja aleijado na igreja. O gosto pelas críticas, a procura por alguma novidade indevida, as críticas, a discórdia tão comuns entre alguns são como um membro aleijado inútil como a mão ressequida. Estaremos nós aceitando tal estado como normal?

Em Gálatas 2:9 o apóstolo fala da mão direita de comunhão, “Deram-nos a destra de comunhão”.

No mundo de hoje, o aperto de mão é o símbolo dessa comunhão ou amizade.  Se este homem, o da passagem lida, vivesse nos nossos dias, estaria incapacitado de estender a mão direita para mostrar a sua comunhão. De todos os impedimentos e de todas as incapacidades da igreja de Cristo, hoje em dia talvez esta seja a maior.

Quantos e quantos há que são incapazes de estender essa mão direita da comunhão. Oh! Irmãos quão triste é para nós vermos que nem todos têm essa boa disposição de nos estender a mão direita e muitas vezes nós também não a estamos estendendo.

Sim, a comunhão entre os irmãos é de vital importância para o crescimento da igreja.  No evangelho de João cap. 17 está registrado a oração sacerdotal do Senhor Jesus Cristo.  E Ele ora pelo menos quatro vezes pedindo ao Pai que nós sejamos um. “Que Eles sejam um”, como tu o Pai, o és em mim e eu em Ti”.

Como está a tua mão direita da comunhão? Ela está sã ou mirrada?

Em Isaías o Senhor fala da mão direita de direção. “Eu o Senhor teu Deus te tomo pela mão direita”.

Adão, antes de pecar, era guiado por Deus. Enoque era guiado por Deus.  Os servos do Senhor sempre foram dependentes do Senhor, guiados pelo Senhor.

Mas, quantos desastres tem havido na vida de muitos por causa da independência. Tiram a sua mão da mão de Deus, resultado, a mão fica-lhes mirrada. Querem dirigir-se a si próprios, tornam-se inúteis.
 
O homem que quer viver independente de Deus, vive sem forças, incapaz de comunhão, e com falta de direção.

Mas, louvado seja o Senhor porque Ele pode restituir essa mão mirrada, inútil, a cada um que sofre desse aleijão. Ele disse àquele homem, “Estende a tua mão”.  Era essa justamente a coisa que ele não era capaz de fazer, estender a mão. E é essa justamente a coisa que muitos não são capazes de fazer; estendê-la.

A sua mão está encolhida, imprestável, morta, mas o Senhor está a dizer, estende a tua mão.

O homem mostrou fé, fez o esforço e o Senhor agiu. A mão ficou sã como a outra.

Que ouçamos a voz do Senhor que nos diz, “Estende a tua mão” e obedeçamos pela fé para recebermos o poder de  sermos o que Ele quer que sejamos. De vivermos em perfeita comunhão com todo o povo de Deus e de sermos guiados em toda a sua vontade.

 Pr. José Vasconcelos





02 maio 2012

Plano de Fulga


A palavra branda desvia o furor, mas, a dura suscita a ira

Provérbios.  15:1

  

Resolvi fugir de casa, não havia motivos para isso, mas resolvi. Meus pais me tratavam bem, eu era o menino mais privilegiado da vizinhança. Mas bateu aquela vontade de ir embora, conhecer novos lugares, aventurar-me por esse mundo afora.
Logo, surgiu a oportunidade de concretizar esse intento. À margem da estrada que nos conduzia a cidade, morava um casal de velhos. Quando anoitecia os dois sentavam-se na calçada da casa e ali ficavam até que o sono os convidasse a entrar.
Todas as vezes que eu passava ali, dava uma paradinha, conversava um pouco com eles, tornou-se um hábito da minha parte. Uma noite disseram-me que fariam uma viagem ao Recife. Iriam visitar uns parentes que moravam lá. Eu também tinha um tio que morava naquela capital, não pensei duas vezes;
perguntei-lhes:
_ Vocês podem me levar junto?
Claro, meu filho, foi a resposta. Fale com seus pais.
Mas isto não estava nos meus planos, jamais eu teria a permissão deles, precisava fazer isso às escondidas, quando sentissem a minha falta já estaria longe. Mesmo assim comuniquei o fato a minha mãe, seria injusto deixá-la assim. Ela me deu o silêncio como resposta.
Na verdade, eu não queria fugir dela, nem mesmo do meu pai.
É que alguns primos já haviam
feito isso antes e quando voltavam de férias vinham diferentes. Roupas bonitas, óculos escuros da armação larga e, cinturão de fivela grande. Iam a feira e lá encostavam-se nos bancos de madeira com os dedos polegares dentro das riatas da calça, nessa posição paqueravam as mocinhas que encabuladas riam e escondiam o rosto.
Alguns traziam radiola da marca philips e alguns discos da velha guarda, era uma festa, a casa ficava cheia. De longe se ouvia os sucessos de Nilton César e Silvinho, “A namorada que sonhei”, Tu és o maior amor da minha vida”, como eu os invejava! Precisava ir para a cidade grande.
A viagem seria na madrugada do domingo, disse-me o senhor João Marques e dona Emília. Que eu estivesse em sua casa às três horas da manhã. No sábado que antecede este dia, selei meu cavalo e fui à casa de um amigo pedir uma mala emprestada. Ele não só me emprestou como me incentivou nesse intento e, desejou-me boa sorte.
Comecei a arrumação da mala, separei as roupas que estavam menos desbotadas. A única coisa nova que botei nela foi um par de alpercatas marrom, já fazia algum tempo que meu pai me dera aquele calçado mas, eu tinha pena de estragá-lo nas pedras do caminho. Agora iria usá-lo na cidade grande, nas ruas mais lisas do que o piso da minha casa.
Minha mãe observava tudo sem dar uma palavra. Eu estava muito à vontade, era sábado e todos os sábados meu pai trabalhava numa mercearia, chegando só a noitinha.
Quando o sol se escondeu no horizonte, prenunciando a chegada da noite, fui me esconder numa touceira de aveloz (arbusto leitoso) que ficava atrás de casa. Logo, meu pai iria chegar do trabalho e eu queria evitá-lo. De onde estava podia ver, sem ser visto todos os movimentos dentro de casa pela porta da cozinha que se encontrava aberta. Meu pai chegou. Vi quando minha mãe dirigiu-se a ele e disse-lhe alguma coisa que entendi muito bem o que era. Após ouvi-la, dirigiu-se à porta e olhando na direção aonde eu estava me chamou:
_Velto.
Estremeci; pensei em não responder, mas o seu chamado era irresistível, timidamente respondi:
_Senhor.
A voz de comando se fez ouvir:
_Venha cá.
Eu sabia o que me esperava, seria mais uma surra daquelas, talvez a maior das que eu já tinha levado. Não tremi como das outras vezes que era chamado para apanhar. No íntimo, eu estava desejando ser surrado; o ardor das chicotadas me levaria mais depressa ao meu objetivo. Ele não sabia que a mala estava escondida no meio do mato, eu tinha pensado em tudo. Dessa vez eu não choraria, seria a última surra, depois era só a liberdade. Ao entrar em casa, chamou-me para o seu quarto, sentou-se na cama e disse para eu também me sentar. A penumbra envolvia o ambiente. A única luz que havia era a de um candeeiro que estava na casa, não lembro de ter visto minha mãe. Teria ela se afastado para não ver o que iria acontecer comigo?
Meu pai falou brandamente:
_Meu filho, sua mãe me disse que você quer ir embora. Tomei um susto, não com aquelas palavras, mas com a maneira como ele falou. Não era comum meu pai tratar de um problema com aquela calma. As coisas eram resolvidas no grito e na pancada. Diante daquela serenidade emudeci. Ele continuou:
_ Meu filho, você é muito jovem, não sabe como é viver numa cidade grande. Eu e sua mãe vamos ficar muito preocupados e tristes com a sua ausência. Tudo tem seu tempo, quando você for de maior pode ir. Pense nisto. Caí no choro, queria abraçá-lo
mas tinha vergonha. Entre soluços disse:
_ Pai, eu não quero mais ir embora.
Ele passou a mão na minha cabeça e saiu, foi chorar às escondidas.
Poucos anos se passaram depois disso, quando chegou o dia de eu ir definitivamente para o Recife, agora com a bênção e a aprovação dos meus pais. Estava indo embora com um propósito grandioso, iria me preparar para ser Pastor. E isto os deixou muito felizes.
Pastor Vasconcelos